A indecisão é uma retenção. Demasiada hesitação entre a motivação e a ação. Aí existe medo, um adiamento temeroso da execução.
E se eu me equivocar? É possível.
E se não der resultado? Também é possível.
O indeciso teme a frustração, não está preparado para a perda, a falta, a incompletude, a carência. Com a indecisão, ele escapa de uma possível fratura, escapa da fragilidade de sua própria criatura. Não fracassa, mas tampouco acerta. Não busca satisfazer um desejo, porque, ao tentar, teme deparar-se com o que não há, ou perceber que o que há é pouco, ou não é como ele pensava que fosse. Assim é.
O indeciso não arrisca o fracasso, se previne dele. E não direi que o fracasso é uma oportunidade. É uma perda, dói e é triste. A pessoa tarda em se recompor de uma escolha incorreta. Mas aí está ela própria para se ajudar. A oportunidade do fracasso é a de ajudar a si mesmo na dor.
Porém, quem duvida não tem condições de se recompor mais tarde se errar o alvo. Não tem boas e acolhedoras mãos próprias que o convidem ao salto dizendo: “Venha, salte, que do outro lado também está você mesmo caso as coisas não saiam bem”.
Ao indeciso, um medroso, faltaram abraços acolhedores e o consolo na hora certa, de maneira que hoje possa oferecê-los a si mesmo. Teremos que construir um bom suporte interior antes que surja a decisão. Não há decisão possível sem uma base interna capaz de sustentar. Se a pessoa não toma uma decisão é porque necessita de uma segurança que não pode dar a si mesma. Qualquer tentativa de apressar uma escolha está condenada à esterilidade e à diminuição (ainda maior) da sua autoestima; sentirá que é um inútil até para se decidir.
Dizer que Scleranthus ajuda a decidir não é totalmente exato; na verdade, ele reduz a pressão da tortura da dúvida, que é um movimento de vaivém, uma instabilidade que nos pressiona constantemente, dizendo: “Decida-se logo: ou branco ou preto.” Scleranthus traz firmeza. Permite que pensemos dentro de um quadro de estabilidade, que é onde se pensa melhor. Onde há inquietação, vaivém e instabilidade, não há consciência.
É por isso que “tomar uma decisão” não pode ser uma demanda que aceitemos tratar de forma simplista, como se disséssemos: “Tome Scleranthus e você vai se decidir.” Não me sinto capaz de afirmar isso. Existem condições. Uma delas é não nos apressarmos ou nos pressionarmos com urgência. Vamos nos dar um tempo. Se você não consegue se decidir, é porque precisamos revisar o medo, a carência, a ansiedade e o motivo pelo qual você se tortura com a dúvida. Se você estiver de acordo, então podemos trabalhar bastante na sua indecisão.
Susana Veilati é psicanalista e terapeuta Gestalt. Criadora do método Terapia Floral Integrativa (TFI), que traz para o universo floral conceitos freudianos e junguianos, e enfoques cognitivo, humanista, sistêmico e transpessoal, dentre outros. Autora que está sendo agora traduzida para o português.
Respostas de 6
Achei maravilhosa ,toda a explicação e o conteúdo da interpretação da psicanalista Suzana Veilati sobre o floral Scleranthus , o entendimento ao aplicarmos esse floral foi muito esclarecedor ,mas tranquilo para usarmos na terapia floral com nossos pacientes .
Que bom podermos trazer novas reflexões e ampliações do entendimento e uso das essências florais!!
Uauuu!! Que texto!!
Olhando para Scleranthus com outros olhos!!
Que maravilha, Paty!! Essa é a proposta.
Amei essa construção sobre o Scleranthus… boas reflexões ..
Gosto de pensar nele não apenas como um auxilio na superação da indecisão, mas também como um convite à reflexão sobre a importância de seguir em frente e de se permitir fazer escolhas, mesmo que isso implique abrir mão de outras possibilidades. Penso que essa aceitação pode levar a um maior estado de paz interior e a um maior alinhamento com o próprio propósito de vida.
Susana e Orozco coincidem tanto nisso: a visão do medo em Scleranthus; a visão do medo em muitas essências além do “grupo do medo”. Obrigada, Lu, pelo comentário!