É apaixonante ver como a assinatura, ou o gesto, da planta nos ajuda a entender o efeito que a essência floral produz em quem a toma. Por assinatura ou gestual da planta queremos dizer seu aspecto e seu comportamento no entorno. Sobre isto, tanto Jordi Cañellas como Julian Barnard e Mechthild Scheffer já nos trouxeram importantíssimas contribuições. Tudo se explica a partir da perspectiva da analogia, porque mente e natureza são a mesma coisa, se manifestam pelas mesmas geometrias e “assim como é acima é abaixo”, “assim como é dentro é fora” (Caibalion).
Quero compartilhar algumas reflexões livres sobre Gorse, planta que, além da Inglaterra, onde Bach a encontrou, também se espalha generosamente pelo norte da Espanha, sobretudo na Galícia (Toxo). Como sabemos, a essência floral serve para, metaforicamente, “não jogar a toalha”; para navegar na tormenta da adversidade e evitar a claudicação.
A mensagem da planta não poderia ser mais clara. Trata-se de uma espécie pioneira, lutadora, que cresce em solos áridos e castigados pelo clima. Na verdade, suas raízes possuem bactérias nitrificantes que fixam o nitrogênio atmosférico na terra, melhorando-a e a tornando mais fértil.
As folhas não existem como tal, apresentam-se como pontas muito afiadas, semelhante a espadas, o que dá à planta um aspecto armado inconfundível.
As flores, de um amarelo dourado, nos remetem a seu inegável simbolismo solar: força, valentia, poder, ordem criativa.
Scheffer comenta que “os antigos celtas já apreciavam este arbusto espinhoso que floresce desde fevereiro até começo de abril. Viam nele o retrato do vitorioso e jovem herói do sol, cujas armas afiadas haviam vencido o duro e gelado gigante do inverno”.[1]
Tomar Gorse é se conectar com esse ouro solar líquido e suas virtudes, não se render ao primeiro golpe e lutar, entendendo que sempre podemos fazer algo para melhorar uma situação adversa.
No aspecto transpessoal, tomar Gorse serve para quando cessa a resposta a um tratamento. Não quando há falta total de resposta, mais relacionada a Wild Rose pela apatia (inexpressão) ou a Clematis pela desconexão, mas da suposta claudicação dos mecanismos de cura. Não cabe dúvida, porém, que as duas essências citadas podem reforçar a ação de Gorse em tais casos.
Na aplicação tópica, a essência nos traz um tipo de energia ativadora que ajuda a retomar o nível de resposta adequado. Em minha prática, tenho visto o efeito dessa energia em cremes para tratamento de varizes, circulação arterial, recuperação traumatológica, estética e em outros casos em que a resposta aos demais florais não havia sido muito boa ou havia durado pouco. Por tudo isso, também parece guardar relação com a resposta imunológica.
Enfim, é uma essência floral que tem muito a contribuir nos aspectos mental, emocional e físico.
[1] Scheffer, Mechthild e Storl, Wolf-Dieter. Flores que curan el alma. Ediciones Urano, 1993.
Dr. Ricardo Orozco é médico e há quase 40 anos se dedica à terapia floral; é autor do livro Padrão Transpessoal dos Florais de Bach, um importante instrumento terapêutico, traduzido para português pelo Centro de Estudos Florais e editado pela Healing Brasil.